sábado, 28 de abril de 2007

To eat or not to eat

Minha gente, ser vegetariana não é fácil. Não pense que essa afirmação tem a ver com sacrifícios ou privações: eu não deixei de comer carne por ideologia, mas intolerância. Enjoei. E descobri coisas deliciosas, como quinua, risoto de cogumelos, cenoura com semente de mostarda, ervilha torta, abóbora com especiarias... Mas, ainda assim é difícil.

Explico por quê: dia desses tava com meu namorado num boteco e perguntei ao garçom se tinha algum item sem carne no cardápio. "Temos um frango à passarinho ótimo". Ok, eu devia esperar por essa. "Na verdade eu também não como frango, sou vegetariana." Trinta segundos de silêncio. "Bom, nesse caso, a senhora gostaria de iscas de peixe?" Respiro fundo. "Também não como peixe." Muitos segundos de silêncio. "Mas a senhora come o quê, então?" "Grãos, cereais, salada, massas integrais, frutas, legumes..." Ele faz uma cara de nojo misturada com dúvida, cansaço e chacota. "Quer que a gente prepare uma porção especial de queijo branco?" "Sim, e um suco de tomate..." O que é que eu podia fazer?

Almoço de família é pior. "Come esse franguinho que a vovó fez sem gordura pra você." "Vó, eu já te expliquei que parei de comer carne", "mas frango não é carne, menina, não me vem com essas frescuras!" "Não é frescura, vó, eu parei e pronto." "Mas esse frango não engorda nada, fiz sem gordura nenhuma, só peito." "Não é questão de engordar ou não, vó, eu simplesmente não como mais carne, nenhuma, nem vaca, nem porco, nem frango, nem seres humanos." "Quê????" "Brincadeirinha, vó..." "Essa menina tem cada uma..." Geralmente eu acabo preparando uma omelete e todo mundo fica olhando feio quando eu tiro minha massala (= mistura de especiarias, um pozinho marrom avermelhado) e despejo sobre a comida. Já ouvi duas tias cochichando "eu acho que essa menina coloca drogas na comida".

Pois eu lhes digo, ser vegetariana dá trabalho! Mas e vocês, caros leitores, por acaso têm algum hábito alimentar que as pessoas não "engolem"?

Temperinhos naturais




Semana passada fiz um curso de culinária sobre Ervas e Especiarias no ashram do Centro Vidya. Nada a ver com batuques e atabaques ou velas e incensos. Ashram significa "lugar protegido" em sânscrito, e é a unidade de Serra da Cantareira da escola de Ioga Centro Vidya. O curso foi ministrado por Adriana Patias, esposa do Cristóvão de Oliveira, dono da escola.

A aula foi o primeiro módulo do curso de culinária vegetariana que será ministrado ao longo do ano. Se, ao ler "vegetariana", você logo pensa em carne de soja ou grão de bico, o curso da Adriana vai mudar sua visão. Direcionados não apenas a quem deixou de comer carne, os módulos envolvem Cereais, Saladas, Laticínios, Pães, Massas, Frutas, Culinária Indiana, entre outros. Nada impede que qualquer um faça o curso.

De minha parte, posso dizer que foi um deleite de gostos e cheiros. E, cá entre nós, nada mais gostoso que um monte de gente em volta de uma mesa de cozinha aprendendo sobre ervas e especiarias – algumas das quais nunca tínhamos ouvido falar. Assim é o ashram: tem esse clima familiar e sempre um cheirinho tentador na cozinha. E o mais delicioso foi reproduzir todos esses cheiros na minha própria cozinha no dia seguinte. Vocês não têm idéia de como cominho e cenoura cominam! E de como shitake com gengibre e shoyo fica delicioso! E a semente de mostarda, então, que estoura na panela que nem pipoca? Sensacional!

Cominho, Açafrão, Salsinha, Cebolinha, Gengibre, Tomilho, aprendemos muita coisa. Tanto as utilidades culinárias como as propriedades terapêuticas de cada erva. E se você se interessar, faça o curso, vale a pena! O próximo módulo será em maio, ainda sem data definida. Para mais informações, dá uma olhada aqui.