quinta-feira, 31 de maio de 2007

Mais uma do mundo dos vegetais

Eu tenho uma hipótese sobre a comida vegetariana industrializada: ela é fabricada por não vegetarianos, só pode. Por isso que tudo fica com nome de carne. “Hamburger de soja”, “salsisha de soja”, “hamburger de tofu”, “leite de soja”. Numa boa, quem é que consegue salivar só de imaginar aquele hamburguinho de tofu dourando na grelha? É o mesmo que dizer “hummmm, que delícia, tem sagu de sobremesa”. Isso sem contar essa moda chatinha da soja. Aceitem: é preciso SABER preparar a soja, senão ela muito ruim.
Toquei nesse assunto porque a Nestlé acaba de lançar uma linha de produtos à base de soja, entre eles um que me intrigou muito: o creme de soja. Corri ao supermercado e encontrei um concorrente, o creme de soja da Batavo, lançado pouco antes.

Abri os dois e provei crus. O da batavo, como você pode ver, é mais sólido e consistente que o da Nestlé. Mas, ao contrário do que pareça, essa não é uma vantagem porque junto com a solidez vem aquele gosto forte e desagradável de soja. Ponto para a Nestlé. Testei o desempenho dos dois numa receita salgada: um molho de macarrão que me foi ensinado pela queria amiga Caju.

Tradicionalmente:

Ingredientes
1 cebola picada
suco de dois limões (ou um limão e meio, caso não queira que a acidez prevaleça)
raspas de limão (dica: para obtê-las, embrulhe o ralador num filme plástico e rale por cima dele. Depois é só retirar o plástico que as raspas vêm junto)
duas latas de creme de leite
noz moscada ralada na hora
sal a gosto

Preparo:
Refogue a cebola até dourar e despeje o suco de limão. Deixe cozinhar de dois a três minutos, até que engrosse. Em seguida acrescente o creme de leite, a noz moscada, as raspas de limão e deixe em fogo baixo por dois minutos (ou desligue o fogo assim que levantar fervura). É só jogar o molho sobre a massa cozida (sugiro um talharim) e está pronto.

No lugar do creme de leite, usei o creme de soja.

Duas coisas ficam evidentes. A primeira é que eu preciso comprar uma máquina digital nova urgentemente. E a segunda é que o molho com o creme de leite da Nestlé ficou mais amarelado e menos denso do que o da Batavo. O amarelado foi porque eu deixei as cebolas dourarem um pouco demais, eu gosto quando elas ficam quase queimadas. Mas quanto ao gosto, decepção total nos dois pratos. O da Nestlé estava melhorzinho, o da Batavo, intragável. Mas temos que dar um desconto: o limão e a gordura do creme de leite se equilibram bem. Ao usar creme de soja, o molho ficou pastoso e o limão prevaleceu. Tenho que admitir que minha receita não foi das melhores. Talvez em receitas doces o desempenho dos cremes seja melhor. Mas, se não se importam, eu prefiro continuar a usar o bom e velho creme de leite.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Hot News


Eu não tenho um prato favorito. Tenho um tipo de comida predileta: aquela de comer com a mão no esquema aperitivo, com diferentes tipos de pães, torradas, queijos e patês. Se tiver um chutney ou geléia de pimenta, melhor. Pois na semana passada eu comprei um livro tão delicioso que, se tivesse que traduzir para a linguagem dos meus adorados petiscos, seria uma pequenina fatia de pão de centeio caseiro com queijo camembert, geléia de pimenta e uvas brancas passas. Daquele tipo de petisco que a gente fica feliz com um ou cem, não é enjoativo e deixa um gostinho ótimo nas horas seguintes.

Calor* é o nome. Bill Buford, o autor. Jornalista da New Yorker e autor de Entre Vândalos, o cara foi editor-chefe da revista literária Granta (que aliás, será lançada no Brasil em breve) durante 16 anos. Um dia deu um jantar em casa e convidou meia dúzia de amigos. O chef Mario Batali era amigo de um amigo e também foi chamado. Chegou lá xingando Buford de ignorante por não saber preparar uma carne, tomou um porre, tirou todos da festa, homens e mulheres, para dançar e, no fim da noite, completamente de porre e cantando em voz alta, lavou toda a louça e varreu o chão. Já marcaram um futebol no dia seguinte e o jornalista se apaixonou pelo mundo do chef. Tanto que largou tudo para ser escravo em sua cozinha, no restaurante Babbo. O livro é uma deliciosa narrativa dessa experiência que, seja pela irreverência, seja pelos pratos exóticos que Buford aprendeu a cozinhar, nos deixa salivando (eu ia usar a expressão “com água na boca”, mas é clichê demais, né?).

*Cia das Letras, R$49,50

Boas idéias

Posso dizer que esse blog deixou tudo mais saboroso. Desde que o criei, mudei meu olhar, saboreio muito mais tudo o que como e reparo na reação das pessoas que comem o mesmo. Mais: agucei meu espírito investigativo. Antes, quando eu tinha vontade de tomar café, pedia um expresso no Frans. Agora, não perco a oportunidade de experimentar o café gelado servido na Galeria dos Pães – terrível, por sinal, parece um milkshake derretido e aguado – ou o café com leite do Starbucks, com uma espuma de quase quatro centímetros deliciosa. Separei aqui umas boas idéias que tenho encontrado por aí.

- Amêndoas na massa: sabe aquelas amêndoas laminadas que sempre são usadas em pratos doces? (aliás, no cinema Reserva Cultural da avenida Paulista tem um croissant de amêndoas delicioso). Pois experimente jogar algumas delas numa massa de molho branco ou rosé em vez do queijo ralado. A textura crocante e o gosto adocicado ficam ótimos, só não combinam com molhos vermelhos.

- Gelo de gengibre: existe um ralador especial para o gengibre que extrai o sumo. Misture esse sumo com água e ponha na forma de gelo. Mais ou menos quatro partes de água para uma de gengibre. O gelo vai muito bem em sucos de melancia e laranja.

- Suco de melancia com manjericão: eu adoro a mistura do suco de frutas com ervas. Laranja com hortelã, por exemplo, é uma delícia. Mas o de melancia com manjericão é de longe meu favorito. Umas 10 folhas por copo batidas no liqüidificador com o suco.

- Lasanha de palmito pupunha: usar berinjela no lugar da massa de lasanha já é um truque manjado. Você fatia a berinjela, deixa de molho na água fervente com sal por alguns segundos e usa entre o queijo e o molho. Agora, fatias bem finas de palmito pupunha foram a minha grande descoberta num restaurante chamado O Café, em Paraty. As fatias eram obtidas por uma lâmina especial e os recheios variavam entre camarão com catupiry, quatro queijos e, meu preferido, legumes ao curry. Não vejo a hora de chegar a Flip pra voltar lá.

- Leite de côco “natureba”: quanto mais perto a gente chegar do alimento “original”, mais saudável será a comida. Eu, pelo menos, sempre prefiro fazer meu próprio caldo de legumes em vez de comprar aquele tablete no mercado. Pois esse leite de côco foi uma descoberta bem fácil de fazer e que é beeeem mais saboroso que o industrializado. Bata no liquidificador a polpa (aquela “carne” branquinha de dentro do côco) de quatro côcos verdes com a água de um côco. Tá pronto.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Chocoblack

Numa entrevista à rádio Band News FM, o editor do caderno Paladar do Estadão, Ilan Kow, explicou que uma crítica gastronômica, apesar do distanciamento que se procura manter, sempre imprime os gostos pessoais de seu autor. “Por exemplo”, contou, “eu gosto de doces muito doces e, nos meus textos, acabo favorecendo-os, acho que meus leitores já perceberam e lêem o que eu escrevo com esse filtro”.

Eu, ao contrário do Ilan, sinto até dor de cabeça só de pensar nos doces açucarados demais. Podem me criticar, mas eu passo longe dos brigadeiros nas festas de aniversário. E é por isso que tenho andado bem animada com a profusão dos chocolates black que estão se espalhando pelas gôndolas dos supermercados. Feitos com mais cacau e menos açúcar, os novos chocolates vão na onda do padrão de consumo europeu: lá, os black já conquistaram a preferência de 58% da população, contra apenas 2% no Brasil. Esses dados se explicam em parte porque os chocolates com maior concentração de cacau, comercializados por aqui como “Amargo” e “Meio Amargo” sempre tiveram um uso mais culinário, os consumidores não costumam comprar essas barras para consumí-las “cruas” – daí os tamanhos mais comercializados serem 180g e 200g. Elas também possuem uma concentração de cacau que varia em torno de 50%, enquanto os chocolates brasileiros têm uma média de 20%.

A grande novidade do mercado brasileiro foi aliar a marca de chocolates às versões com até 70% de cacau: Suflair, Toblerone, Talento, Kopenhagen, entre outros. Se você tem o paladar parecido com o meu, com certeza vai apreciar.


Classic Cacau – vendido em barras de 160g, é o clássico chocolate nestlé ao leite com pedaços de cacau torrado. Particularmente, achei um pouco sem graça.



Suflair Dark – o nosso conhecido chocolate aerado suflair tem agora essa versão com 70% de cacau na barra de 50g. Espetacular.


Alpino Diet – esse lançamento da Nestlé não se destaca pela alta concentração de cacau, mas por não ter adição de açúcar. O sabor lembra bastante o chocolate alpino original e os tabletes têm 30g.


Toblerone Black – outra unanimidade em que sou do contra: chocolate toblerone. Ainda não consegui provar a versão black, mas deposito aí minha esperança de aderir à barra triangular.






Talento intense – 55% de cacau e pedaços de amêndoas parecem uma combinação perfeita. O tablete vem com 90g.





Kopenhagen Cacau 70% - tabletes de 25g de um dos chocolates mais deliciosos que eu já experimentei!

terça-feira, 8 de maio de 2007